Por: GIULIANDER CARPES
O economista James Heckman,
vencedor do Prêmio Nobel de economia no ano 2000, deu palestra na manhã desta
segunda-feira na Fundação Getúlio Vargas, no Rio de Janeiro, onde falou sobre
investimento educacional na primeira infância. Durante seu pronunciamento,
Heckman mostrou-se partidário da adoção de cotas raciais ou sociais para entradas
nas universidades. No entanto, o economista frisou que o ideal é que as medidas
afirmativas não sejam adotadas de uma forma definitiva.
"As cotas já se mostraram de
certa forma eficazes nos Estados Unidos, há estudos que mostram isso. A
utilização delas é que eu acho que não pode passar de uma geração. O ideal é
que haja um investimento maior na educação infantil para que se dê condições
iguais de as pessoas acessarem as universidades", afirmou. No final de
abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) considerou constitucional o sistem de
cotas nas universidades brasileiras.
O professor da Universidade de
Chicago, nos Estados Unidos, também mostrou estudos que apontam a eficácia de
se investir nos primeiros anos de vida das crianças, principalmente de 0 a 6
anos, uma faixa que costuma receber menos incentivos dos governos. "A taxa
de retorno nesta faixa de idade é de 7 a 10% maior que nas outras, o que é uma
taxa muito boa", disse o pensador, que ponderou, no entanto, que os
incentivos educacionais na primeira infância em geral não são responsáveis por
um aumento no QI (quociente de inteligência).
Heckman garante que a taxa de
retorno dos investimentos em educação vai caindo conforme a idade da pessoa vai
aumentando. "Os mais jovens têm uma maleabilidade maior e é mais difícil
mudar as formas de estímulo de adultos. As sociedades costumam investir mais
tarde nas pessoas, mas o ideal seria focar nos primeiros seis anos de vida. É
claro que este é um investimento que não tem a ver com a escola, mas sim a pré-escola".
Mesmo com essa visão econômica da
educação, Heckman mostrou-se partidário da adoção de cotas raciais ou sociais
para entradas nas universidades. No entanto, o economista frisou que o ideal é
que as medidas afirmativas não sejam adotadas de uma forma definitiva. "As
cotas já se mostraram de certa forma eficazes nos Estados Unidos, há estudos
que mostram isso. A utilização delas é que eu acho que não pode passar de uma
geração. O ideal é que houvesse um investimento maior na educação infantil para
que se dê condições iguais de as pessoas acessarem as universidades",
afirmou.
O estudo do professor americano
vai ao encontro do que o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, pretende
melhorar no País. "Nós precisamos de fato de políticas públicas para a primeira
infância. Tentamos olhar o conjunto e este é o momento que dá a sustentação
para os demais. Hoje nós temos 23,6% das crianças em creches e 80,1% na
pré-escola. Só que menos de 3% das crianças abaixo da linha de pobreza estão
nas creches. E para isso que temos de encontrar uma solução", disse o
ministro.
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